A literatura brasileira faz parte do meu ser...do meu viver...com isso,venho aqui deleitar-me... compartilhando ideias de alguns textos lidos...
O texto "Da raça à cultura: a mestiçagem e o nacional", de Renato Ortiz,aborda a questão racial,onde Florestan Fernandes afirmava que o Brasil tem preconceito de não ter preconceito.Infelizmente,as relações raciais são obscurecidas pela ideologia de democracia racial.Alguns autores insistem sobre aspectos da questão racial,embora esse seja um problema muito recente na história brasileira.Até a abolição,o negro não existia enquanto cidadão,era ausente no plano literário.Sílvio Romero(autor pouco progressista),chegou a denunciar esse descaso.No mundo as discussões sobre o racismo surgiram a partir da 2ª Guerra Mundial.No Brasil, surgiu no final do séc. XIX.Os primeiros estudos sobre os negros iniciaram-se com Nina Rodrigues,sobre a inspiração das teorias raciológicas que acreditavam em raças superiores e inferiores(os discursos dessa teoria eram baseados em dados científicos).O movimento romântico tentou construir um modelo de "ser nacional",porém faltaram-lhe condições sociais para discutir essa problemática.O romance "O Guarani",de José de Alencar demonstra a tentativa de desvendar os fundamentos da brasilidade.Mostra a fusão do índio idealizado com o branco,deixando de lado o negro.Nesse romance,só é tratada a força de trabalho do negro esquecendo a sua cidadania.
A escravidão coloca limites de conhecimento para o desenvolvimento pleno da atividade intelectual, o movimento abolucionista e algumas transformações porque passa a sociedade fizeram com que o negro fosse integrado à preocupações nacionais.Na virada do século ficava estabelecida o "Mito das três raças".Não podemos falar em raça(algo estável) e sim em etnia(um conjunto de valores que podem ser transformados).O Brasil é um país multiracial.Se o mito da mestiçagem é ambíguo é porque existem dificuldades concretas que impedem a sua plena realização.Fica difícil derrubar o mito das três raças,pois não dispomos de materiais para comprová-lo. Podemos exemplificar, a partir do romance "O Cortiço",de Aluísio Azevedo,que embora fosse um abolicionista, o discurso racista contaminava a sua literatura.Jerônimo, no romance, era um português forte,queria melhorar de vida e ,ao se relacionar com Rita Baiana,começa a "se abrasileirar",tornando-se um preguiçoso.O escritor identifica a raça branca como a superior,eles tinham e podiam ter jeito para o capitalismo.O mestiço era excluído economicamente.
Algumas identificações nacionais foram plasmadas pelo Brasil historicamente como sendo o país do samba. Essa forma de homogeneizar o Brasil é perigosa,pois apaga as suas diversidades.Não podemos esquecer que o Brasil é pluriétnico,embora muitos discursos nos façam acreditar que somos brasileiros.Devemos lutar contra essa homogeneização que foi construída pela elite intelectual,para transformar o Brasil em uma nação de fácil controle.Gilberto Freire leva o mito das três raças para o âmbito cultural: TV,teatro,música...muitos grupos de consciência negra ainda encontram dificuldades de reverter a ideia desse mito devido à forma bem planejada que foi passado para nós.
A luta pela desmistificação de uma nação homogênea é constante e não devemos desistir nunca de uma nação que saiba respeitar as diferenças.
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