Informação do seu jeito
“A carne mais barata do mercado é a carne negra, Que vai de graça pro presídio
E para debaixo do plástico
Que vai de graça pro subemprego E pros hospitais psiquiátricos”
(Seu Jorge, Marcelo Yuca e Wilson Capellette)
Os Fóruns Estaduais de Juventude Negra surgem no Brasil como instrumento de luta pela
construção de um país, que respeite os direitos humanos, que acabe com o
extermínio de jovens negros e negras e estabeleça um Estado Democrático de
Direitos.
O Fórum Estadual de Juventude Negra da Bahia neste momento discute estratégias
eleitorais que favoreçam a 16 milhões de jovens vitimado(a)s pelo
processo ativo de preconceitos e estereótipos raciais que legitimam,
cotidianamente, procedimentos discriminatórios e mantém a desigualdade.
Os assassinatos de jovens negros e negras tornaram-se corriqueiros, virou programa de diversão para a
mídia (racista, machista e homofóbica, entre outras degenerações) - diariamente
exibe corpos como se fossem mercadorias podres. Segundo o Mapa da Violência, no
Brasil morrem 74% a mais de pessoas negras do que de pessoas brancas. A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou
dados sobre o genocídio praticado pelo estado brasileiro contra sua juventude. Marcelo
Paixão da UFRJ em pesquisa realizada com dados do SUS, afirma que entre 2006 e
2007 foram assassinadas cerca de 60 mil pessoas negras. A tragédia no Haiti, só
é diferente por que lá culpam a natureza e aqui, de quem é a culpa? Podemos concluir que a pena de
morte, proibida pela Constituição Federal de 1988, está em pleno vigor nos
bairros periféricos das grandes cidades brasileiras, sobretudo no estado da
Bahia.
Na educação, setor preponderante de inclusão social, a maioria do(a)s jovens negros e negras entre
15 e 24 anos estão fora da escola. O PNDA de 2008 diz que temos 14,247 milhões
de analfabetos e destes mais de 9 milhões são pessoas negras, a maioria
encontra-se na região nordeste. Dentre os jovens baianos menos de 17% frequenta
o ensino superior, proporção abaixo da média nordestina de 21%.
Outro aspecto relevante das desigualdades raciais no Brasil é a exclusão nos meios de comunicação e
tecnológicos, espaços estes de formação de conceitos e que perpassam por todas
as áreas do conhecimento humano. Segundo dados do IPEA, apenas 5% do(a)s negro(a)s
possuem microcomputadores destes 2,8 navegam pela Internet.
Verifica-se que em todas as áreas estamos excluído(a)s como saúde, terra e moradia, trabalho, cultura,
poder, etc, e assim, chegamos facilmente a conclusão que não estamos inserido(a)s
socialmente, culturalmente, religiosamente nem politicamente. E é aqui
que queremos debater. O poder.
A trajetória do povo negro nos espaços políticos do país é marcada pela exclusão, somos 80% da população
baiana, mas nunca tivemos um governador(a) ou senador(a) negro(a), esse dado
evidencia a seletividade dos espaços políticos.
O PDT é um dos poucos partidos no país onde já se foi possível verificar candidaturas e mandatos negros,
lembramos nesse momento que um dos maiores líderes do movimento negro brasileiro,
Abdias do Nascimento, foi deputado e senador, por esse partido.
Faz-se urgente candidatos e candidatas comprometido(a)s com as nossas vidas, sejam candidaturas
proporcionais ou majoritárias. Nestas eleições já decidimos: só votaremos em
candidado(a)s empenhado(a)s com a nossa luta.
Por isso, estamos apoiando a pré-candidatura de Ivan Carvalho ao senado pelo PDT. Homem negro,
que há mais de 30 anos luta pela igualdade racial no país e vem contribuindo
decisivamente para alcançarmos a visibilidade tão negada, a exemplo da
construção do Espaço Cultural Sitoc que tem proporcionado ao longo dos
anos a difusão da nossa ação política cultural.
Foi no Espaço Cultural Sitoc aonde vários compositores do Ilê, Olodum e Muzenza, O Bando de Teatro Olodum dirigido
por Mário Gusmão, Margareth Menezes, Omidudu, o Movimento Hip Hop, o Movimento
Underground e muitos outros, deram seus primeiros passos e é frente a está
atuação que queremos somar.
COORDENAÇÃO
Fórum Estadual da Juventude Negra.
Salvador, 25 de Janeiro de 2010.
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