Informação do seu jeito
Nos 10 meses de curso, cujas aulas acontecerão nas sedes do Observatório de Favelas e da Redes, ambas na Maré, serão ministrados conteúdos sobre metodologia de pesquisa, produção de texto acadêmico e língua estrangeira instrumental (inglês, francês e/ou espanhol) - conhecimentos geralmente exigidos como pré-requisitos para o acesso a programas de mestrado e doutorado.
No início do projeto será realizado um seminário temático reunindo acadêmicos, representantes da sociedade civil organizada, profissionais de educação, estudantes e demais interessados, para debater os desafios e perspectivas da educação e a entrada de estudantes oriundos de favelas e periferias urbanas no ainda restrito universo da pós-graduação brasileira. Na oportunidade, os alunos serão apresentados a uma rede de acadêmicos que os apoiará na produção de seus respectivos projetos de pesquisa.
As duas organizações responsáveis pelo curso também pretendem inaugurar uma biblioteca que, além de atender a demanda dos estudantes, deve se tornar uma referência no que diz respeito à bibliografia de temas sociais e urbanos.
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Mais informações:
Comunicação institucional do Observatório de Favelas
Tel.: (21) 3105 0204 / (21) 3888 3230
E-mails: comunicacao@observatoriodefavelas.org.br , thiago@observatoriodefavelas.org.br ,raika@observatoriodefavelas.org.br
Comunicação institucional da Redes da Maré
Email: cecí lia@redesdamare.org.br Tel.: (21) 3105 5531 (falar com Cecília Olliveira)
Para entender mais...
O papel da universidade na produção de representações da favela e as principais dificuldades enfrentadas por estudantes de origem popular para entrar na pós-graduação
Sobretudo, na década de 1970, com o desenvolvimento dos programas de pós-graduação, a universidade brasileira assume a posição de ator de grande prestígio no que diz respeito à produção representações sobre as favelas, exercendo a partir de então significativo impacto no entendimento que se tinha destes locais.
Segundo a socióloga Lícia Valladares, em 1992, só o Rio de Janeiro tinha 10 programas de pós-graduação, nos quais as questões urbanas tinham espaço de destaque nas áreas de sociologia, antropologia, ciência política, história, geografia, planejamento urbano, medicina social, arquitetura e urbanismo, entre outros. Em 2001, de acordo com a mesma autora, eram 19 os programas.
O crescimento dos programas de pós-graduação que desenvolvem linhas de pesquisa concentradas nas questões sociais e urbanas, paralelo ao expressivo crescimento geral da oferta de vagas em programas de pós-graduaçãostricto sensu nos últimos 10 anos, é, entretanto, contrabalançado por dados não tão animadores. Basta olhar para as informações mais recentes sobre a quantidade de doutores por 100 mil habitantes no país. Estas dão conta de que, atualmente, em nosso país são 1,4 doutores a cada mil habitantes, enquanto, na Suíça, por exemplo, esse número é de 23, na Alemanha, 15,4 e, nos Estados Unidos, 8,4.
O quadro revela que o acesso a este campo de disputas em torno do conhecimento e de legitimação de representações sobre a cidade e as questões sociais que é a universidade permanece restrito a um pequeníssimo número de indivíduos que constituem, sem dúvida, uma elite intelectual.
As dificuldades de acesso a este restritíssimo grupo são maiores ainda para os graduados de origem popular e envolvem dimensões socioeconômicas, culturais e institucionais. Dentre os principais obstáculos ao acesso de graduados de origem popular à pós, pode-se, a princípio, destacar:
a) a necessidade de ampliação de seu capital social: o graduado precisa estar inserido em redes onde circulam informações que, uma vez acessadas, permitirão o traçado de estratégias para multiplicar as chances de aprovação nos processos seletivos;
b) a dificuldade de acesso ao capital cultural comum a grupos de classe média e alta, como o domínio de língua estrangeira (pré-requisito para ingresso na maioria dos mestrados e doutorados);
c) a dificuldade financeira para adquirir a bibliografia exigida nos editais dos processos seletivos;
d) Pouco domínio da linguagem acadêmica, já que a maioria destes estudantes sai da universidade sem necessariamente passar pela experiência da pesquisa.
Portanto, assim como os pré-vestibulares comunitários na década de 1990 têm contribuído de forma decisiva para entrada de estudantes de origem popular na universidade, hoje, o projeto Novos Saberes pretende criar condições para que o mesmo se repita nos mestrados e doutorados destas instituições de ensino.
Fonte: Observatório de Favelas
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A Bahia deveria seguir esse exemplo, cursos como esses são fundamentais para a comunidade preta e de baixo poder aquisitiva, valeu!
Maravilhosa atitude dessas instituições, é uma pena que funciona no Rio de Janeiro
Acredito que esta possibilidade ainda está muito remota para a nossa região Nordestina-BA
Especialmente do Oeste Baiano.
Fico muito feliz por estas iniciativas, principalmente quando se trata da questão povos das regiões periféricas.
Maria José Matos.
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