Informação do seu jeito
Lembra do pequeno Joel, que sonhava em ser mestre de capoeira, como seu pai, e morreu, aos 10 anos, dentro do próprio quarto, com duas balas perdidas, possivelmente vindas da polícia militar, no Nordeste de Amaralina? A história comovente deste baianinho, que fez o Brasil chorar com sua morte, vai virar o filme 'Menino Joel', assinado pelo cineasta Max Gaggino, que conversou com o iBahia, nesta segunda-feira(10).
O documentário traz depoimentos da família - pai, mãe e irmão -, a delegada titular 28ª Delegacia (Nordeste de Amaralina) Jussara Souza, vizinhos do garoto - líderes comunitários -, e autoridades baianas (ainda não reveladas).
"Um dia antes de falecer, ele acordou dizendo pra meu pai que ia estudar e que ia juntar a família dele e ia tirar daqui, porque aqui não tava dando pra viver mais; ele não queria crescer vendo o cotidiano da forma que estava sendo levado", revela o irmão do garoto no filme.
Confira entrevista com o diretor Max Gaggino:
iBahia - Como surgiu a ideia de fazer um filme sobre Joel?
A ideia surgiu porque conheço a familia, treino boxe no Nordeste de Amaralina. Treinava junto a Jeanderson, o irmão de Joel, e conheci a familia dele; quando soube que o menino Joel era irmão dele, foi a primeira coisa que me veio a cabeça...sendo cineasta sempre busco novas ideias, documentários etc.
iBahia - Em que fase está a produção?
A produção está na reta final. Quinta-feira, dia 13, vai ter o primeiro - e espero último - julgamento (do caso Joel).
iBahia - Acredita que os PMs envolvidos vão ser punidos?
As provas sao claras, mas nunca se sabe...
iBahia - Então, voltando ao filme, como foi a recepção da família ao projeto? Não é fácil expor toda a família em um documentário...
A familia aceitou na hora. Não teve ninguém que se ofereceu a fazer o mesmo trabalho que estou fazendo. Queriam que joel nao fosse esquecido. Nao è facil...por isso que eu e Rodrigo Cavalcanti (produtor que integra parte do documentário), estamos expondo os fatos de forma neutral. Não queremos acusar toda a polícia. O documentário tem um tom de "vamos ver se da pra unir o povo e a policia".
iBahia - Alguns políticos procuraram a família de Joel, causando uma certa revolta neles...
Eles nao acreditam mais nos politicos.
iBahia - vocês entrevistaram os policiais envolvidos no caso?
Entramos em contato com o advogado dos policiais acusados, justamente pra dar eles a possibilidade de dar a própria versão da historia e se defenderem. Já entrevistamos a delegada Jussara que concluiu o inquérito.
iBahia - Qual foi a conclusão do inquerito? vc teve acesso?
Essa pergunta, infelizmente, ainda não posso responder :)
iBahia - Além do irmão e da mão do menino Joel, que aparecem no trailer, quem mais participa do filme?
Além da mãe e o irmão, tem o depoimento do pai, a delegada jussara, alguns líders da comunidade do Nordeste de Amaralina e algumas outras pessoas no panorama político baiano, que ainda não posso responder.
iBahia - E como entram as imagens do garoto no filme? Imagino que por ele ser muito novo deva ter um acervo restrito...
Temos artigos sobre ele, o vídeo gravado pela propaganda do estado, e muitos depoimentos.
iBahia - Como você enxerga o menino Joel hoje?
"Ele era um menino realmente especial; não mataram qualquer um, você vai ver no documentário. É algo realmente chocante. Era um menino que dava conselhos aos mais velhos, ajudava a família a se unir quando brigavam, tirava os meninos da rua e levava pra jogar capoeira; enfim, um fenômeno.
Lívia Rangel
(livia.rangel@redebahia.com.br)
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