Correio Nagô

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Ciência e Academia, racismo e terraplanismo

Olá meu querido público dessa terra preta!

Comecei a publicar artigos aqui no Correio Nagô, há algum tempo. Depois, por conta de uma série de percalços, fiz uma pausa. Agora estou de volta.

Sempre fui um admirador incondicional do trabalho de Paulo Rogério.

Ascendi dentro da minha religião, o Jeje Savalou, para o sacerdócio no cargo de Mawo da Casa de Azansu, e acabei de publicar o quarto livro (Sà Hùn, cantando para os Voduns ao Jeje Savalu) e retomo hoje essa caminhada com vocês no Correio Nagô, com melhor fundamento.

Hoje venho olhar um conhecimento cientifico cuja discussão entrou para moda (se é que alguma vez, durante essa nossa breve história sobre a superfície do planeta, essa discussão tenha saído da moda) nos últimos tempos: finalmente, a terra é plana ou é esférica?

A teoria da Terra plana está se espalhando online e é difícil dizer onde a piada começa ou termina. Mesmo por que centenas de milhares de pessoas estão se tornando “cientes” de uma crença obscura da qual não estavam antes.

Sei que para uns, não há o que discutir: o nosso planeta tem forma elipsoidal, ou seja, a forma de uma esfera achatada nas respectivas regiões dos seus polos. Por outro lado, é, igualmente, inquestionável para outros que o nosso planeta, a Terra, é “plana” (????).

Defender o “terraplanismo”, ou seja, argumentar que a que a terra é “plana” já é, a priori, uma incoerência abissal, visto que, dos meus modestos estudos de geometria no Ginásio Severino Vieira nos anos 1960, o que é plano tem duas dimensões...e o planeta Terra, como é um sólido, seria um objeto tridimensional... um sólido com a forma de um paralelepípedo.

Nessa discussão sobre a Terra plana ou não, vamos começar recordando a definição “formal” de “ciência”.

Ao pesquisar na Internet, encontramos, de cara, a seguinte definição: “conhecimento atento e aprofundado de algo. Corpo de conhecimentos sistematizados adquiridos via observação, identificação, pesquisa e explicação de determinadas categorias de fenômenos e fatos, e formulados metódica e racionalmente. ”

Mas para avançar a discussão, vamos tomar o “plano” defendido, como “uma das faces” desse “paralelepípedo” e propor de forma organizada, a questão: a terra tem a forma “plana” ou é esférica-elipsoidal?

Bem, vamos aproveitar o momento para tecer alguns comentários em relação a posturas de plataformas sobre as quais os respectivos olhares se apoiam para emitir seus pareceres.

Vamos falar da experiência atribuída a Erastóstenes de Sirene, nascido na Grécia no ano 256 A. C. Ele foi matemático, geógrafo, poeta, astrônomo e teórico da música. Ele era um homem erudito, tornando-se o bibliotecário-chefe da Biblioteca de Alexandria... (opa!!!)

Um momento por favor, Academia..., mas, Alexandria fica no Egito que é um pais africano. Sim o Egito é um país do Norte da África, e vai continuar africano por mais que Hollywood tenha branquificado Cleópatra. Por que não dizer que essa biblioteca foi criada por ordem e inspiração do de Ptolomeu I?

A Grande Biblioteca de Alexandria, uma das maravilhas do mundo antigo, fica em Alexandria, Egito, e era uma das maiores e mais importantes bibliotecas do mundo antigo.

Ptolomeu foi faraó do Egito ptolomaico de 305/304 a.c. até sua morte.

Ele foi o fundador da dinastia ptolomaica que governou o Egito até a morte de Cleópatra em 30 A.C.

Erastóstenes de Sirene é mais conhecido por ser a primeira pessoa conhecida a calcular a circunferência da Terra, o que ele fez usando os resultados de pesquisas extensas que ele podia acessar em seu papel na Biblioteca de Alexandria, e, diga-se, seu cálculo foi extremamente preciso.

Ele também foi o primeiro a calcular a inclinação axial da Terra, que também provou ter uma precisão notável.

Ele criou a primeira projeção global do mundo, incorporando paralelos e meridianos com base no conhecimento geográfico disponível de sua época. Tudo isso em um tempo 200 anos antes do nascimento de Jesus Cristo.

A Academia no seu campo de exercício racista, não tira o Egito do Norte da África, para não contrariar a Ciência, mas o coloca no Oriente Médio Antigo, enquanto um certo “Independent” diz, em manchete sensacionalista: “Como os antigos Gregos provaram que a terra é redonda, há mais de 2000 anos atrás” (“How the ancient Greeks proved the earth was round over 2,00 years ago”): o que é uma grossa visão acadêmica, visto que, se o fato é atribuído a um “cientista” grego, o fato aconteceu. de fato, na cidade de Alexandria, Egito, África.

A teoria da Terra plana, quando olhamos, por exemplo, uma foto do nosso planeta tirado por um satélite artificial, pode ser classificada como uma teoria da conspiração, e pode parecer que não é tão perigosa quanto a negação da mudança climática ou a reação anti-vacina, mas isso não significa que seja totalmente inofensivo. Afinal, estimulam a crença em versões políticas de fatos e coisas, atitudes que terminam por prejudicar a sociedade como um todo. Como negar ou diluir a razão científica pautada pelo “Corpo de conhecimentos sistematizados adquiridos via observação, identificação...”? O negacionismo é uma prática que está causando um impacto profundo em todos. Olhando, como exemplo, para a negação das mudanças climáticas, isso vem de apenas duvidar da ideia de expertise como um todo.

Gente, cuidado, pois os teóricos da conspiração são experts no ataque irresponsável sobre a perícia.

Sou o Mawo Adelson.

Referencias: