CONTRADIÇÕES DE UMA SOCIEDADE CAPITALISTA OU QUESTÃO DE PODER?
O Brasil apesar dos avanços dos últimos anos, tais como: Politicas afirmativas, programas de moradia, criação de universidades e escolas técnicas, entre outros, ainda deixa muito a desejar nas questões sociais e políticas, haja vista, as constantes crises de corrupção que assola o cenário politico econômico e social brasileiro.
O Brasil apresenta uma triste estatística de infância desassistida e da mortalidade de jovens envolvidos com o narcotráfico, urge a criação de políticas públicas voltadas para este câncer social que é o tráfico de drogas. É bastante comum os traficantes assumirem atitudes paternalistas e coercitivas em suas comunidades ao preencher lacunas sociais de responsabilidade do estado criando assim um poder paralelo.
Dados estatísticos apontam que em 2012 56,12% dos homicídios no Brasil têm ligação direta com o tráfico de drogas. “Maioria dos mortos é de jovens pobres entre 15 e 25 anos, de baixa escolaridade e moradores de periferias das grandes cidades. Entorno de Brasília é a região com maior índice de criminalidade provocada pelo narcotráfico” ( fonte: grupoun@folha.com.br ) . Segundo o mapa da violência publicado na Agência Brasil: “A mortalidade dos jovens cresceu 326%. O Brasil é o sétimo país no ranking global de homicídios; dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), compilados pelo Mapa da Violência 2013; estudo mostrou ainda que jovens negros são as principais vítimas da matança.” (http://www.brasil247.com/18/07/13). Em reportagem publicada na revista exame em 2013, há o seguinte relato: “o número de jovens no tráfico de drogas triplicou em 10 anos.” Em outra informação sobre este tema publicada na Folha de São Paulo. “ ... Este delito era responsável por 7,5% dos adolescentes presos em 2002. Em 2011, passou para 26,6%, segundo dados da Secretaria de Direitos Humanos (SDH). São Paulo, por exemplo, passou de 5,8% para 39,6% de adolescentes cumprindo restrição de liberdade em uma década. Além de São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul apresentaram as maiores variações em pontos percentuais, com 22,7%, 21,4%, 20,9% e 20,7%, respectivamente. De acordo com a publicação, a tendência é que esta expansão continue, amparada no aumento do consumo de drogas no país.”
O paradoxo de tais informações foi a mobilização do nosso governo que gerou uma crise diplomática para libertar um brasileiro condenado a morte na Indonésia justamente por tráfico de drogas, o pedido de clemência da Presidente Dilma ao Presidente daquele país, foi negado veementemente. “Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, foi preso quando tentou entrar na Indonésia, pelo aeroporto de Jacarta, com 13,4 quilos de cocaína escondidos em uma asa-delta. Archer confessou o crime e disse que recebeu US$ 10 mil para transportar a cocaína de Lima, no Peru, até Jacarta.” O Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse: “ ... a execução causa “uma sombra” na relação entre Brasil e Indonésia.” ( fonte: Correio da Bahia- 18/01/2015). Perguntas que exigem respostas imediatas: E os nossos jovens mortos por conta do tráfico de drogas e de abordagens preconceituosas por parte da polícia? Quem vai pedir clemência por eles? O Itamaraty? Os Diplomatas? O Judiciário? O senhor Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira? E a família destes jovens mortos? Quem realmente financia e a quem interessa o narcotráfico? É visível a omissão do Poder Público e da sociedade de modo geral. Outro fator extremamente relevante é a cobertura da mídia para um caso isolado como este dos brasileiros no corredor da morte na Indonésia, porque a mesma cobertura não é efetuada com os jovens mortos nos chamados cinturões da morte, como são denominadas as periferias e favelas nas grandes capitais do Brasil? A única cobertura destes episódios é envolta em sensacionalismo que vende uma imagem grotesca de sangue escorrendo nas vielas exibidas nos canais abertos de TV e nos jornais impressos, em um claro desrespeito e falta de ética com a vida humana e os problemas sociais que permeiam a nação brasileira. É necessário protestar e reivindicar dos representantes que elegemos uma postura baseada em um dos princípios constitucionais que é a igualdade, todos nós cidadãos brasileiros somos iguais perante a lei, portanto, investir em politicas públicas é uma forma de clemência para preservar a vida dos jovens que não chegam na maioria das vezes aos últimos estágios da adolescência.
Impedir a morte de um senhor de 53 anos, consciente das severas leis daquele país no qual viveu durante alguns anos, foi uma tentativa frustrada do governo brasileiro e reverter o número aterrador de morte dos nossos jovens, especialmente aqueles que aparecem nas estatísticas, os pobres da periferia é um dever e uma obrigação do Estado brasileiro.
Cecília Peixoto
Educadora, bacharel em Direito e Contábeis,
Conselheira Fiscal do CEPA (Círculo de Estudo Pensamento e Ação)
Secretária Geral do Movimento Negro do PDT-Ba
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