Mídia e movimento social debatem na Assembléia Legislativa

Audiência pública põe em xeque os interesses e conteúdos produzidos pela mídia tradicional e aponta novas tecnologias como alternativas às reproduções preconceituosas.

Por Jaqueline Barreto/ Da Redação do Portal Omi-DùDú

Profissionais da área de comunicação, representantes de organizações não-governamentais , líderes comunitários e militantes do movimento negro estiveram reunidos nesta terça-feira (28), às 10;30, na sala Herculano Menezes, da Assembléia Legislativa, localizada no CAB, na capital baiana, em audiência pública para criação de meios alternativos de comunicação destinados à população negra. Para esquentar o debate, o público contou com a participação de André Actis, presidente da TV Pelourinho, Fernando conceição, Jornalista e Professor da Universidade Federal da Bahia, Paulo Rogério, representando o Instituto Mídia Étnica e DJ Branco, do movimento CMA Hip Hop.

A discussão foi iniciada pelo presidente da TV Pelourinho, André Actis, que enfatizou a importância do empoderamente tecnológico pela juventude negra no processo de inclusão social. “Nossos jovens aprendem a realizar todas as etapas necessárias para produção de vídeos -documentários: Pesquisa,roteiro, direção e edição”, lembrando que, quatro jovens ingressos no curso da TV Pelourinho, estão, no momento, no Rio de Janeiro produzindo documentário sobre o samba.

Segundo Paulo Rogério, publicitário e presidente do Instituto Mídia Étnica, a internet é um instrumento poderoso no processo de disputa política e no combate ao racismo. Assim, deve ser vista como estratégica para os movimentos sociais. “ A grande mídia trabalha cotidianamente contra a população negra, negando a diversidade cultural, a pluralidade de vozes. O povo negro precisa se apoderar dessas tecnologias”,destacou.

O Instituto Mídia Étnica, composto por jovens publicitários e jornalistas afro-descendentes, desenvolve o serviço de assessoria às organizações do movimento social . No Portal Correio Nagô, fruto dessa militância institucional, o público interage de todo o processo de atualização: vídeos,textos, e fotos são incorporados ao site pelos membros da comunidade virtual. “ Há interesses dos grandes meios de comunicação em controlar a informação. A internet é por si só anárquica” , frisou Paulo Rogério, afirmando ainda que “a visão de que a tecnologia vai salvar o mundo é equivocada. Vai depender, acima de tudo, do uso que fazemos dessas mídias”.

Fernando Conceição, jornalista e prof. da Universidade Federal da Bahia, afirmou ser cético em relação a referida “revolução da comunicação”, pois o aparato tecnológico está de acordo com a manutenção das desigualdades sociais. O controle dessa mídias é feito a partir de um projeto de reprodução do capitalismo, visando a maximização do lucro. “ A internet pouco revoluciona na estrutura. A participação dos países periféricos na produção do conteúdo dessa internet é insignificante . A produção se dá do centro para a periferia. Até nossa maneira de agir, de pensar e de se comportar são frutos da ideologia burguesa”, acrescentou.

Para ele, “ ainda é muito irrisória a quantidade de pessoas que usam a internet com o objetivo de mobilização, como agentes de transformação da sociedade”. O jornalista, que analisa a inserção dessas novas mídias a partir dos conceitos e pressupostos da Escola de Frankfurt, chamou atenção para necessidade de uma visão mais crítica e ampla sobre os meios de comunicação e e suas redes de interesses. “A Indústria Cultural cria uma falsa ilusão de que existe uma democratização dos meios de comunicação”, explica Fernando Conceição, autor do livro Mídia e Etnicidades e coordenador da Campanha Afirme-se! pela manutenção das políticas afirmativas no Brasil que estão sob ameça no Supremo Tribunal Federal.

Conferir em: www.nucleoomidudu.org.br /jaquelinebarreto2008@hotmail.com


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