Informação do seu jeito
Morreu nesta sexta-feira (30), aos 68 anos, devido a falência múltipla dos órgãos, o sambista Ederaldo Gentil. Cantor e compositor da geração mais talentosa do samba baiano, Ederaldo Gentil nasceu no dia 7 de setembro de 1943. Ao lado de nomes como Edil Pacheco e Batatinha se notabilizou como um dos maiores sambistas da Bahia. Gravado por Clara Nunes, o maior sucesso de Ederaldo foi o poético samba "O Ouro E A Madeira", que trazia a letra "O ouro afunda no mar, madeira fica por cima, ostra nasce do lodo, gerando pérolas finas". O enterro está marcado para este sábado (31), às 16 horas, no Cemitério do Campo Santo.
Foto: Reprodução
Antes de se enveredar pela música teve uma rápida passagem pelo mundo da bola, atuando como meia-esquerda no Esporte Clube Guarany, onde fazia dupla com o ex-jogador André Catimba (que mais tarde fez história no Esporte Clube Vitória). Consta que Ederaldo Gentil chegou também a treinar no Vitória. Foi na música, no entanto, que acançou seu primor profissional.
Lançou cinco discos, entre álbuns de carreira e coletâneas, com apenas dois deles sendo editados em CD, além de um compacto simples. A estreia foi o compacto simples "Triste samba/O ouro e a madeira", lançado em 1973 pela Chanteclair, no qual apresentou o maior sucesso da carreira. Em 1975, também pela Chanteclair, lançaria o primeiro disco "Samba, Canto Livre de um Povo", que também trazia a clássica "O Ouro E A Madeira. Ainda pela Chanteclair, lançou, em 1976, "Pequenino". Seis anos depois, em 1983, soltou o álbum "Identidade", pela Nosso Som Gravações e Produções.
Muitos anos depois, em 1999, a Copene - Companhia Petroquímica do Nordeste lançou em CD o álbum "Pérolas finas". Produzido pelo amigo Edil Pacheco, o disco, uma espécie de tributo, trazia nomes como Gilberto Gil, João Nogueira, Luiz Melodia, Elza Soares, Carlinhos Brown e Beth Carvalho cantando suas composições.
Em 1998, a EMI lançou o disco "Diplomacia", de Batatinha, que trazia Ederaldo ao lado do próprio Batatinha, além de Nélson Rufino, Walmir Lima, Edil Pacheco e Riachão na faixa "De revólver não". O disco trazia ainda uma de suas parcerias com Batatinha, "Ironia", interpretada por Jussara Silveira. Atualmente, um projeto da Garimpo Discos está em curso para relançar numa caixa os quatro discos do sambista.
Deprimido e desanimado com a vida artística, Ederaldo se isolou e viveu durante os últimos anos uma espécie de exílio voluntário em sua casa no bairro da Vila Laura, onde residia com a irmã Denise Gentil e outros familiares. Doente, passou muitos anos sem contato social e artístico.
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=ZpBwuyx...
Fonte: Correio da Bahia
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Querida Keila
Vamos manter acessa a chama da Justiça. Só assim Ela triunfará.
Para Voce, um grande beijo
Adelson
Querido Adelson, obrigada a você por compartilhar conosco as histórias do verdadeiro samba e tudo isso com muita emoção.
Nem precisava me agradecer. É meu dever compartilhar com esta rede, que preza pelo conteúdo, pelo que é belo, pela preservação das nossas raízes e cultura, essa perda irreparável. Temos a responsabilidade de resgatar a história da boa música, pois o belo nunca morre, nunca passa, para aqueles que têm sensibilidade e bom gosto. “Não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar”...
Paulo, uma pena não termos conseguido encontrar o grande Gentil... Ontem, estava lendo uma matéria sobre Nana Caymmi – dispensável adjetivo para qualificá-la- e era notória a sua revolta em relação ao que é consumido e valorizado pelo público atualmente. Estamos repletos de possibilidades e com tudo mais acessível, entretanto impera a preferência pelo descartável. Com o perdão da palavra e parafraseando Nana Caymmi, “hoje a música é outra, é bunda, é aeróbica”. Por tudo isso, é nosso dever não deixar “o ouro afundar no mar”. Abraços!!
"Mukuyu minha Mãe, minha Grande Irmã"!.
Que satisfação enorme sentir a repercussão positiva do meu pequeno depoimento. Veja, minha Irmã: Quando eu vejo o Rio de Janeiro prestar homenagens a Paulo da Portela, Silas de Oliveira, Cartola, D. Zica, D. Neuma, Nelson Cavaquinho, Nelson Sargento, e outros, eu fico feliz, mas sofro um pouco, pois nao vejo coisa semelhante aqui na nossa Bahia que é Mae disso tudo. Afinal, foram as baianas, mulheres guerreiras e sábias, como é voce, Minhas MaisVelhas que estão aqui e as que estao em espírito, Arani, Alaíde,Nadir,....não dá p´ra nomear todas, e tantas outras (tenho quatro aqui: a chefe, duas filhas e mais a neta de 10 anos) que preenchem as nossas histórias oráis do cotidianno negro da nossa Roma Negra, que, chegando no Rio de Janeiro se estabeleceram dando de comer a quem tinha fome abrigo aos fugtivos de uma (in) justiça parcial, racista e perversa. Forma elas que enfrentando a tudo com Sabedoria, lançaram as bases de tudo o que hoje se resolveu chamar de MPB e Cultura Brasileira. Aí, eu nascido do Tororó, que ví Valtinho "Bozama" (assasinado em um Sáado de Carnaval) sapatear como ninguém. Eu que aprendia capoeira com Antonio Diabo, (ou Toiho Azulão), com Antonio Capitão, com Tatú, que ví os irmãos Nezinho, Inalto, e Capitão dar o show de sapateado e acrobacias em grupo na avenida, que eu nunca ví Carlinho de Jesus fazer nem de longe, estou vendo agora tudo ir para o "esquecimento", para a página do "nunca aconteceu" por que a Bahia pratica a memória seletiva. Eu que frequnetava Candomblé escondido da minha família, passando de curioso a "fura-runcó", e depois a "hututu", até Nanã me confirmar Ogã (Salubá Ya mi)no Jeje Savalu de mu Doté Ammilton de Sogbo, pecço que juntemos as forças para lutar, (viu meu Irmão Jaime Sodré) contra uma hibridização tendenciosa em prática no dia-a-dia da gobalização da História da Bahia. Daqui mais alguns anos, a "história oficilal" vai dizer que o Carnaval daqui "começou com Dodo e Osmar, que inspirou o nascimento do Chiclete com Banana e da vete Sangalo". Que Bel Marques, que também é do Tororó e me emprestava uma bicilcleta para eu brincar junto com ele (ele tinha mais de uma) que me desculpe franqueza, mas quando quando os Filhhos do Tororó era batucada, que meu tio Messias (falecido antes de eu nascer) passou para meu tio Arnaldo, que levou a batuta do Tororó,passando para Cordão e depois Escola de Samba, eu nunca ví a pessoa dele nem de nehum dos irmãos dele ou parente, nem mesmo o irmão mais velho,dele que era umj ovem carismático, (não cito o nome nem o apelido que ele tinha, em respeito a sua memória) nenhum ensaio nem nada que lembrasse Carnaval. Aliás, quem viveu aqeula época sabe que " Carnaval era coisa de preto, pobre e vagabundo". Dentre aqeules que sempre esteeram lá,para citar lqguém que não é estranho, evidencio que lá estava Antonio Jorge Victor dos Santos, ou melhor, Gody, os primos dele, Toninho, e Agildo, e outros. Meus pais me proibiam de sair nos Filhos do Tororó e isso deu briga eterna de minha mãe com meu tio Analdo ( que Graças a Deus,me levava a mim e ao meu irmão menor, (falecido) escondido para os ensaios.Ele nos deu instrumentoes e todo o apoio e nós fizemos um cordão netos do Tororó que só saiu no Biarro. Mas o samba que meu tio me passou é uma das maiores riquezas que eu exibí quando viví por 15 anos no Japão.
Convoco a todos que possam contribuir: Vamos fazer justiça a Arnaldo Silva e a outros que ainda estão aí para que a Bahia comece a se impor como a Terra Afro-Baina, dos Negros e da Cultura mais Rica, e independente que realmente é.....Nos idos da escravidão alguns documentos "alertavam" as autoridades quanto a liberdade que o negro exibia aquí na Bahia. Eles diziam que, se nao levassem a sério a "ameaça da liberdade" do negro bahiano, a Bahia seria transformada em um "Nova Guiné".Vamos fazer da Bahia a Bahia do tempo presente, pois sabemos que os nossos meonhores antepassados convivem espiritualmente conosco.
Adelson, vejo o seu desabafo como fragmentos de uma memória nossa que devemos estar registrando. Uma coisa que me incomoda muito e que de vez em quando comento com meu irmão Queinho é a necessidade de fazer um registro da produção dos sambistas da Bahia no tempo das escolas de samba, dos blocos de índioe, quem sabe até dos tempos anteriores das batucadas e cordões. Cada hora é um que se vai e consigo leva partes não só da história do samba, mas da história dos negros dessa Bahia.
Querida Keila,
Quero parabenizar a sua iniciativa quanto a prestar ao menos uma homenagem, na forma de menção a esse nome do Samba na nossa Bahia, pródiga no que toca a prática da injustiça e desprestígio dos seus valores mais autenticos. Se não, vejamos (só para citar um exemplo que me veio agora) o destino de uma pessoa humana como Itamar Tropicália, que morreu aí outro dia, tentando vender na rua CD´s que ele mesmo produzia só ele e Desu sabem como, e ainda não ví nada que lhe prestasse alguma justa homenagem.Por isso, a bem da Justiça, peço licença a voce, para inserir um adendo na forma desse modesto comentário: Veja, eu sou nascido na Curva Grande há 57, quase 58 anos atrás, meus pais se mudaram de volta para o Tororó (onde eles nasceram e foram criados) quando eu tinha 2 anos. Para encurtar, sou o primeiro sobrinho de Arnaldo Silva, nascido de Conceição Maria Silva de Brito (já falecida), irmã de Arnaldo Silva ( hoje com 76 anos, e com a saúde abalada) um dos baluartes do Samba na Bahia, Presidente da Escola de Samba Filhos do Tororó, onde Ederaldo Gentil, bebeu as primeiras doses da seiva do Samba. Ederaldo,que era ourives, tendo aprendido essa profissão com `Tuninho ourives`, é compositor da celebre homenagem que meu tio Arnaldo, e a Escola de Samba fizeram em 1972, a Mae Menininha do Gantois. Ederaldo, Batatinha, Walmir Lima e outros são pessoas que eu ví na intimidade da minha casa, onde meu tio morava.Esse comentário é um pouco de desabafo,pois dia desses, ouví uma das irmãs Rainalva e Raidalva darem depoimento dobre os antigos "gritos de Carnaval" das rádios mais famosas da época, e falarem em muitos nomes, menos no de meu tio Arnaldo Silva da Escola de Samba Filhos do Tororó, onde elas começaram a sambar.
Ressalto, porém, que algumas iniciativas sao louváveis. Foi assim que minha prima (Dra.) Patrícia Silva, filha caçula de meu tio Arnaldo e eu, fomos representando o meu tio Arnaldo, em um evento que lhe prestou justa homenagem juntamente com outros pioneiros do Samba, um evento ligado a um trabalho de conclusão de curso que aconteceu no Teatro do ISBA.
Abraço
Edson Vieira Se continuamos contribuindo com o ibope dessas redes nojentas de televisão, não vemos e não ouvimos os nossos Ederaldos. Não dou muita bola para essas alienadoras capitalistas. Compro nos lugares que vendem barato, principalmente em sebos, os discos da nossa turma bôa e compartilho com minha família. A obra de Ederaldo Gentil foi uma gentileza para todos nós. Oxalá ele, da espiritualidade inspire essa leva de artistas novos a fazerem um trabalho respeitável. Obrigado Ederaldo, pelas suas músicas.
Fique agora junto de "Deus" cantando e passando energia aos que ficaram aqui na terra curtindo a sua arte deixada para eternidade.
negros morrem porque brilham demais ...
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